terça-feira, 17 de novembro de 2009

Pois é


Pois é
Fica o dito e redito
Por não dito
É difícil dizer
Que inda é bonito
Cantar
O que me restou de ti

Taí
Nosso mais-que-perfeito
Está desfeito
E o que me parecia tão direito
Caiu desse jeito sem perdão

Então
Disfarçar minha dor
Já não consigo
Dizer que nós somos
Bons amigos
É muita mentira para mim

E enfim
Hoje na solidão ainda custo
A entender como o amor
Foi tão injusto
Pra quem só lhe foi
Dedicação
Pois é
E então....

(autor desconhecido)

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Que você soubesse

Eu queria que você soubesse que minha cor preferida é roxo. Quer dizer, quase sempre é roxo. Mas às vezes é vermelho. Quando eu era pequena (criança no caso) perguntaram minha cor predileta e eu disse "roxo e vermelho". No quesito "cantora", respondi "Fafá de Belém". Mas nunca gostei dela, assim, de verdade. E tampouco consigo me desfazer dela.
Do fundo do meu coração eu gosto mesmo é da Elis Regina. E do Cazuza, da Bethânia, do Chico e de mais mil pessoas; muitas eu nem apertei a mão, mas não faz mal, porque o amor nem sempre precisa de formalidades do tipo "oi, muito prazer, meu nome é...". Eu amo sem olhar às vezes.
Queria que você soubesse que eu gosto muito de flores. Mas, de verdade, não sei cuidar delas. Tenho medo que morram de sede, ou de frio, ou afogadas, ou de insolação (agora que moro numa cidade que o sol é “torrante”). Não conheço a medida das coisas. Da terra. Do mundo, do tempo. E ainda assim as amo, eu posso amar o que desconheço, o mistério, as flores.
Outro dia me disseram que amar desse jeito é banalizar o amor. Mentira. Faz pouco do amor quem vive com régua, quem sonega o riso, quem não mata a bola no peito, quem desvia, quem se defende de ninharia, quem anda em linha reta.
É bom você saber disso, porque isso sou eu. Eu exagero. Engasgo, na maioria das vezes.
Queria que você soubesse. Antes de te dizer tchau. Porque há de ter alguém me esperando, só pra me dizer: "eu também", no lugar de: "eu talvez".

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

As palavras voltaram

Depois de doses homeopáticas de atenção; depois de trocas de carinho esmigalhadas; depois de ouvir aquele samba triste - e de gritar o samba, e de chorar o samba; depois de comer 18 paçoquinhas e ver que a amargura, tem dias, é troço sem conserto; depois de entupir o ouvido do Anjo da Guarda com prece; depois de 73 quase-melhoras, seguidas por 73 super-recaídas; depois de desgrudar da minha cabeça a foto que a gente nunca tirou; depois de ficar muda...chega. Haveria de recuperar o rebolado. Desfigurado é sujeito que não tem fé. E fé me sobra, que até distribuo ou troco por juízo do bom. As palavras estão voltando. As palavras, se não me foram fiéis, leais não deixaram de ser. As palavras estão voltando. E eu também. Porque um moço de palavra um dia disse que o silêncio precede o esporro. Ninguém me segura.